Futebol, o esporte mais praticado pelos brasileiros, quem diria, é uma boa maneira de driblar uma das doenças mais prevalentes no país
Além de ajudar a domar a pressão arterial nas alturas, quem corre atrás da bola regularmente deixa os pulmões tinindo e ganha força física com o tempo. Muitas vezes sem se dar conta
Embora já se saiba que se exercitar é fundamental para evitar e controlar a pressão alta, ainda não existem muitos estudos sobre quais modalidades seriam mais eficazes. No entanto, se depender de uma pesquisa da Universidade de Exeter, na Inglaterra, o futebol tem tudo para ser uma das principais armas do esquema tático contra a doença.
No trabalho, voluntários hipertensos foram separados em dois grupos. Um batia bola duas vezes por semana, enquanto o outro recebia orientações de um médico, incluindo recomendações sobre malhação. Após três meses, os participantes foram avaliados. Aí, os pesquisadores descobriram que, nos adeptos do esporte bretão, houve queda dos níveis de pressão sanguínea, aumento do condicionamento físico e diminuição da gordura corporal. Ou seja, três gols de placa contra o mal silencioso.
Além dos efeitos fisiológicos, os dribles e arrancadas ao longo dos 90 minutos de uma partida promovem benefícios emocionais. "Nossos resultados revelam que esportes em equipe têm um apelo que ajuda as pessoas a iniciar uma atividade física e não desistir dela", diz Peter Krustrup, o líder do trabalho. E espírito de grupo é o que não pode faltar no gramado. "A prática de um esporte como o futebol, juntamente com uma mudança nos hábitos alimentares, às vezes é o suficiente para tratar alguns casos de hipertensão", reconhece o cardiologista Carlos Alberto Machado, que é diretor de promoção de saúde cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Para a educadora física Claudia Forjaz, diretora do Departamento de Atividade Física da Sociedade Brasileira de Hipertensão, mexer-se é importante, porque auxilia a prevenir o problema e assumir suas rédeas quando ele já se instalou. "Estudos mostram diminuição da pressão arterial ao acumular 150 minutos de exercício semanais, ou seja, cinco dias por semana, com 30 minutos diários", contabiliza Claudia. "E me refiro a atividades como subir uma escada ou andar até o ponto de ônibus." Imagine, então, no gramado.
Toda atividade física é bem-vinda para frear a subida da pressão, mas o placar de benesses do futebol impressiona. Por ser um exercício intervalado, uma partida permite que o jogador mantenha uma média de intensidade mais alta do que se estivesse fazendo um treinamento contínuo. "Essa modalidade é caracterizada por piques. Nenhum atleta fica correndo o tempo inteiro e cada posição em campo tem demandas específicas", explica o cardiologista José Kawazoe Lazzoli, da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Em bom português, isso significa maior queima de calorias e gordura.
Só que não basta alugar uma quadra e juntar os amigos. "O futebol é uma atividade de impacto e sobrecarrega as articulações", avisa Marco de Castro Ferreira, médico do São Paulo Futebol Clube. Assim, antes de calçar as chuteiras, o conselho é passar por um checkup para averiguar se existem, além da hipertensão, outros problemas, cardiovasculares ou não. A avaliação física e pulmonar também deve constar dos exames. Tudo para não levar um cartão vermelho e parar num hospital.
O auxílio da musculação e da esteira
Frequentar a sala de ginástica complementa os benefícios do bate-bola
Estatísticas de campo
O que chutes e cabeceios fazem pela saúde
1 000 calorias É o que um atleta profissional chega a queimar em uma partida
5 vezes mais risco de ter pressão alta É o que ocorre com os sedentários
450 calorias É o que, em média, se gasta em uma hora de pelada
10 mmHg É quanto cai a pressão dos hipertensos que jogam futebol, o dobro em relação a quem não pratica o esporte
produção Andrea Silva | objetos Centauro | modelo Anderson Ferminio (BRM Models)
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